sábado, 3 de julho de 2010

Hora do Adeus


Depois de fazer um belo primeiro tempo, o Brasil entrou em tilt na segunda etapa e permitiu a virada holandesa, fato raro no histórico brasileiro em mundiais (havia acontecido apenas duas vezes – Uruguai em 50, Noruega em 98).
No começo, tudo parecia estar sob controle. Michel Bastos, com a permanente ajuda de Felipe Melo, surpreendentemente anulava Robben. Sneijder, atuando próximo da área brasileira, era bem marcado pelos volantes, principalmente por Gilberto Silva. A seleção brasileira estava “encaixada”, e a Holanda não conseguia achar uma solução. Robinho já havia feito o primeiro, em grande passe de Felipe Melo. Kaká e Maicon quase haviam ampliado.
Veio a segunda etapa, e Bert Van Marwijk fez o que se espera de um treinador: enxergou os defeitos do seu time e mudou. Adiantando a marcação e com Sneijder vindo buscar o jogo no círculo central (e assim passando a ter liberdade), o sinal de alerta estava claro: a Holanda voltava diferente. Aos 8, a falha de Julio César e o empate desestabilizaram emocionalmente o Brasil. Robben passou a ter o auxílio de Van Persie, menos fincado na área, e do lateral Van Der Wiel, que passou a se soltar mais. Como Michel Bastos já tinha levado um amarelo injusto, a coisa começou a se complicar pelo lado esquerdo da defesa brasileira. Com a entrada de Gilberto para evitar a expulsão eminente do lateral esquerdo, a coisa piorou. O segundo gol, aos 22, veio de um escanteio onde a zaga brasileira, supostamente o melhor setor do time, sofreu um apagão. A expulsão de Felipe Melo foi a pá de cal em um jogo que já se mostrava perdido.
A velha mania brasileira de eleger um culpado nas derrotas em Copas aflorou rapidamente, e sobrou para Dunga e Felipe Melo. É muito simplista depositar todo o peso nos ombros desses dois, já que até o goleiro, tido como o melhor do mundo, falhou na hora da verdade. Jogadores importantes renderam pouco contra os holandeses. O treinador pagou, sim, pela teimosa insistência em fechar o seu grupo, convocando apenas os seus seguidores leais. As críticas que pipocavam em todos os meios de imprensa se mostraram proféticas: na hora da verdade, não havia um substituto para Kaká, no caso de ele não estar 100%. Os dois jogadores que Dunga levou para a lateral esquerda já não atuavam por ali há tempos, e o fracasso do Gilberto foi a prova cabal disso. Supostamente, pelo menos segundo Dunga, Grafite seria o atacante alto e forte para a opção de bola aérea no momento do desespero, mas nem o próprio comandante brasileiro acreditou na sua escolha, preferindo fazer apenas mais uma substituição, a entrada do Nilmar. O resumo é que o “grupo fechado” chegou exatamente na mesma fase que a “falta de compromisso” de 2006.
Não se ganha Copa do Mundo só com união e motivação.

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