segunda-feira, 12 de julho de 2010

Espanha Campeã



Acabou ganhando a favorita. A Espanha, favorita dos sites de apostas, favorita da crônica, jogou melhor e foi conseguir seu gol do título no finalzinho da prorrogação. Iniesta, coroando sua grande Copa do Mundo, marcou o gol histórico.
Foi uma final de muitas faltas e alguma violência (a voadora de De Jong, na foto abaixo, mereceu só amarelo) dos holandeses, tolerada pelo fraquíssimo inglês Howard Webb – em uma Copa de arbitragens ruins, a final acabou não sendo diferente. Foi uma final que não desempatou a briga pela artilharia, com David Villa apagado e Sneijder tendo um ou dois lampejos de craque, e só. Foi uma final em que o técnico holandês mudou mal, tirando o amarelado De Jong para colocar Van der Vaart, abrindo seu meio de campo e passando a oferecer uma chance atrás da outra para os espanhóis, enquanto Vicente Del Bosque mexeu bem, colocando Navas no lugar de um apagado Pedro, e assim ganhando mais efetividade pela ponta, e Fábregas no lugar de Xabi Alonso, também com acréscimo de qualidade.
Foi, enfim, uma vitória merecida dos espanhóis, embora Robben tenha perdido uma chance incrível de consumar o “crime” no segundo tempo. Ganhou a seleção que cresceu na hora certa, que não levou nenhum gol na fase de mata-mata, que sempre teve mais posse de bola e mais finalizações do que seus adversários. Ganhou o melhor.

domingo, 11 de julho de 2010

Um Campeão Inédito


Ao contrário das minhas previsões, a Copa do Mundo 2010 coroará um campeão inédito. A Holanda, que passou pela semifinal sem jogar uma grande partida, tem a sua terceira chance de consagração. A Espanha, que dominou amplamente a badalada Alemanha na outra semi, chega pela primeira vez.
O time holandês fez, até aqui, uma Copa baseada na solidez defensiva, com o bom goleiro Stekelenburg protegido por uma defesa forte fisicamente e por dois volantes que marcam duro – Van Bommel, aliás, parece ter um “salvo conduto” dos juízes para bater e não levar cartão, na liberdade para Sneijder criar e no jogo pelas pontas, com Robben aberto na direita e Kuyt na esquerda. Acredito em uma Holanda mais recuada, esperando no seu campo para tentar sair no contrataque. O título holandês dependerá muito da atuação de Wesley Sneijder.
A Espanha, que até então vinha ganhando sem convencer plenamente, fez uma grande semifinal contra os alemães. A entrada de Pedro no lugar de Fernando Torres deu mais velocidade e mais opção pelo flanco ao time espanhol, que venceu a Alemanha também no duelo psicológico. Ao começar o jogo partindo para cima, os espanhóis assustaram os alemães, que recuaram demais e não conseguiram sair no contrataque com a mesma desenvoltura dos jogos anteriores. Talvez pelo peso da decisão, a Alemanha errou muitos passes, Ozil pouco apareceu e o suspenso Thomas Muller fez muita falta. Os espanhóis ficaram sempre com a bola, criaram várias oportunidades, mas acabaram ganhando em lance de bola parada. Puyol, por sinal, fez grande partida, não apenas pelo gol decisivo. Imagino uma Espanha comandando as ações, liderada por Iniesta, que tem sido o grande craque da Fúria até aqui. David Villa é o artilheiro decisivo, também fundamental, mas o meia do Barcelona é o grande articulador da equipe de Vicente Del Bosque. Bem assessorado por Xavi e Xabi Alonso, e protegido por Busquets, que fica mais fixo na frente da zaga, é Iniesta tem criado as ações ofensivas da Espanha. Na parte de trás, um Casillas muito firme, dois laterais voluntariosos e dois zagueiros que não me inspiram confiança.
No balanço geral, acho que a Espanha vai finalmente cravar o seu nome no grupo das potenciais mundiais (em seleções, pois seus clubes já estão na elite mundial há muito tempo). O polvo Paul também acha, e tem acertado tudo até aqui.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Alemanha x Espanha

Um time objetivo, que chega ao gol adversário em poucos passes. Um adversário que procura valorizar a posse de bola.
Uma Alemanha que chegou pouco comentada, mas que parece ter sido muito bem montada, sendo a melhor definição do termo “equipe” na Copa. Uma Espanha que chegou badalada, mas até agora não impressionou – mesmo assim, continua sendo a favorita de alguns sites de apostas. Os alemães sentirão falta de Thomas Muller, suspenso por um cartão amarelo injusto. Os espanhóis ainda esperam por Fernando Torres, enquanto Villa vai respondendo por quase todos os gols do time. Acho que o campeão do mundo sai da semifinal de quarta. Aposto nos alemães.

domingo, 4 de julho de 2010

Cruel Emoção


Uruguai e Gana podem não ter equipes capazes de ganhar a Copa, mas fizeram ontem um jogo de grandes emoções. Nos 90 minutos, períodos de domínio para os dois lados, um gol de Gana (Muntari) em falha do goleiro Muslera, o empate uruguaio em falta cobrada por Forlan, sempre ele. Na prorrogação, os africanos, com maior preparo físico, passaram a dominar os extenuados uruguaios e pareciam mais perto da vitória, até que veio, no último minuto, o momento crucial, um bate-rebate na pequena área uruguaia, em que o centroavante Suarez salvou duas vezes, a primeira com o pé, a segunda com as mãos. Pênalti no último lance, a chance de Gyan marcar mais uma vez e colocar o continente africano em uma inédita semifinal. O herói de Gana, no entanto, não mostrou a mesma calma dos outros pênaltis que cobrou. Desta vez, ele bateu forte e alto, ao contrário das suas cobranças anteriores, quando esperou a movimentação dos goleiros adversários e colocou nos cantos opostos. Bola na trave, fim da prorrogação, decisão por pênaltis.
Obviamente, o momento psicológico passou a ser totalmente uruguaio. Gyan ainda converteu o seu, mas o capitão Mensah e Adyiah perderam. Loco Abreu bateu com a sua tradicional cavadinha e colocou a Celeste em uma semifinal depois de 40 anos. Deu pena ver o choro dos africanos, que fizeram uma Copa consistente e poderiam entrar para a história. Com Gyan, que vinha sendo fundamental para Gana, o destino foi especialmente cruel.
Agora, o Uruguai terá missão difícil contra a Holanda, principalmente pelos desfalques certos de Fucile (que seria o marcador do Robben) e Suarez, além da provável ausência de Lugano. A Celeste tem, até aqui, uma defesa sólida, protegida por dois bons volantes (Arevalo e Perez), e dois atacantes decisivos, Forlan e Suarez, mas carece de criatividade no meio campo. Se conseguir anular Sneijder, pode tentar um crime no contrataque.

sábado, 3 de julho de 2010

Hora do Adeus


Depois de fazer um belo primeiro tempo, o Brasil entrou em tilt na segunda etapa e permitiu a virada holandesa, fato raro no histórico brasileiro em mundiais (havia acontecido apenas duas vezes – Uruguai em 50, Noruega em 98).
No começo, tudo parecia estar sob controle. Michel Bastos, com a permanente ajuda de Felipe Melo, surpreendentemente anulava Robben. Sneijder, atuando próximo da área brasileira, era bem marcado pelos volantes, principalmente por Gilberto Silva. A seleção brasileira estava “encaixada”, e a Holanda não conseguia achar uma solução. Robinho já havia feito o primeiro, em grande passe de Felipe Melo. Kaká e Maicon quase haviam ampliado.
Veio a segunda etapa, e Bert Van Marwijk fez o que se espera de um treinador: enxergou os defeitos do seu time e mudou. Adiantando a marcação e com Sneijder vindo buscar o jogo no círculo central (e assim passando a ter liberdade), o sinal de alerta estava claro: a Holanda voltava diferente. Aos 8, a falha de Julio César e o empate desestabilizaram emocionalmente o Brasil. Robben passou a ter o auxílio de Van Persie, menos fincado na área, e do lateral Van Der Wiel, que passou a se soltar mais. Como Michel Bastos já tinha levado um amarelo injusto, a coisa começou a se complicar pelo lado esquerdo da defesa brasileira. Com a entrada de Gilberto para evitar a expulsão eminente do lateral esquerdo, a coisa piorou. O segundo gol, aos 22, veio de um escanteio onde a zaga brasileira, supostamente o melhor setor do time, sofreu um apagão. A expulsão de Felipe Melo foi a pá de cal em um jogo que já se mostrava perdido.
A velha mania brasileira de eleger um culpado nas derrotas em Copas aflorou rapidamente, e sobrou para Dunga e Felipe Melo. É muito simplista depositar todo o peso nos ombros desses dois, já que até o goleiro, tido como o melhor do mundo, falhou na hora da verdade. Jogadores importantes renderam pouco contra os holandeses. O treinador pagou, sim, pela teimosa insistência em fechar o seu grupo, convocando apenas os seus seguidores leais. As críticas que pipocavam em todos os meios de imprensa se mostraram proféticas: na hora da verdade, não havia um substituto para Kaká, no caso de ele não estar 100%. Os dois jogadores que Dunga levou para a lateral esquerda já não atuavam por ali há tempos, e o fracasso do Gilberto foi a prova cabal disso. Supostamente, pelo menos segundo Dunga, Grafite seria o atacante alto e forte para a opção de bola aérea no momento do desespero, mas nem o próprio comandante brasileiro acreditou na sua escolha, preferindo fazer apenas mais uma substituição, a entrada do Nilmar. O resumo é que o “grupo fechado” chegou exatamente na mesma fase que a “falta de compromisso” de 2006.
Não se ganha Copa do Mundo só com união e motivação.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Hora da Verdade

Chegou a hora da verdade para Dunga. Se ganhar amanhã, embala rumo ao título – não que seja garantido que vai levar, mas ganha moral para chegar como força em uma final.
Se perder, a grande maioria dos jornalistas e torcedores vai descer o pau, lembrar da ausência do Ganso, do Neymar, do Ronaldinho Gaúcho, periga lembrarem até do Ronalducho...
Vai ser um jogo duro. Em 94, tínhamos o jogo na mão, sofremos o empate em duas indecisões do Taffarel, e o Branco tirou um coelho da cartola. Em 98, quem tem alguma memória deve lembrar do horror que foi o primeiro tempo, com os holandeses sempre com a bola no pé – naquele tempo não havia estatística de posse de bola – e o Brasil dentro da sua intermediária até fazer o gol no início do segundo tempo. Depois, o empate deles no finalzinho, a prorrogação com chances incríveis de lado a lado e o Taffarel defendendo os pênaltis – grande vitória, grandes atuações individuais do Ronaldo e do Rivaldo. Apostei forte que a Copa não terá um campeão inédito, e uma vitória do Brasil praticamente decide a minha aposta amanhã.
Acredito na vitória, e acho que a grande questão tática será como marcar Robben, e não vai ser o Michel Bastos que vai conseguir. Grudar alguém no Sneijder até não é tão difícil, o problema é equacionar o lado esquerdo da nossa defesa. Por outro lado (literalmente), o Brasil tem mais força ofensiva pela direita, com Maicon, Elano (até então, pois agora vai ser Daniel Alves amanhã, e talvez Ramires no fim) e ajuda do Robinho. Parece, observando de véspera, que é mais natural e tranqüila a marcação da Holanda sobre o Brasil do que ao contrário. Então, Dunga vai ter que mostrar que é mais do que um aglutinador do grupo. É a hora da verdade.