segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Volta Triunfal de Luiz Duarte

O São Paulo 2010 foi de Luiz Duarte, de volta ao Brasil depois de vários anos montando no Sudeste Asiático. Ele levou três clássicos, incluindo as duas provas principais. Deve ter calado definitivamente a boca dos seus críticos cariocas, já que ganhou o páreo principal e a milha com cavalos de proprietários do Rio...
As provas de Grupo 1 começaram no sábado com a vitória de Que Milionária no Osaf, um páreo que “não tinha ganhador”. A pupila do Petrochinski agradeceu a grama leve, que a possibilitou correr desferrada para conquistar a maior vitória da sua campanha. Em segundo chegou Hostellerie, outra égua de 4 anos que até então não havia brilhado em provas de grupo. A favorita Top Note, largando pela baliza 18, fez esforço inicial para conseguir fazer a diagonal no final da reta oposta e sumiu na reta final.
No ABCPCC, a prova de velocidade, muito trabalho para a comissão de corridas, que teve que analisar por mais de 15 minutos a reta de frente para decidir o resultado final. Ganhou Jeton de Luxo, potro preparado no Paraná, que vinha de duas vitórias em ótimos tempos. Apanhando boa partida, livrou luz e foi levado para a cerca externa por Altair Domingos, vencendo com firmeza, mas gerando a reclamação de Gallian, o segundo na corrida, que largava pela última baliza. A comissão considerou (acertadamente) que o vencedor tinha luz quando cruzou a frente do seu adversário e confirmou a sua vitória. Gallian é que acabou desclassificado para quinto, já que no lance com o ganhador, acabou vindo para dentro e se chocando com Tick Tock, que acabou em quinto, apenas meio corpo atrás do segundo. Assim, a ordem de chegada oficial estabeleceu Jaguarão em segundo, Última Palavra em terceiro (eram os dois que estavam nas balizas internas, longe da confusão), e o reclamante Tick Tock em quarto, com Gallian fora da quadrifeta.
No domingo, o Juliano Martins teve a vitória de Xin Xu Lin, potro que tinha apenas uma atuação (vitoriosa) em março, em 1000 metros. Trazido para a milha, acompanhou em segundo o ritmo imposto por Armas e Flores para dominar bem na reta, possibilitando a segunda vitória de grupo 1 da carreira da aprendiz Jeane Alvez. O ponteiro acabou em quarto, suplantado por Uareoutlaw e Calling Elvis, dois dos mais cotados. Mais uma vitória, também, para Estanislau Petrochinski, único treinador de São Paulo a vencer provas de grupo na semana máxima paulista.
Na milha do Presidente da República, um passeio do favorito Too Friendly. O único trabalho do Duarte foi faze-lo sair, em menos de 200 metros de corrida, da incômoda baliza 18 para a cerca interna, dosando, a partir daí, o ritmo do pupilo do Santa Maria de Araras até o disco. Depois de vencer o Juliano Martins em 2009, Too Friendly leva seu segundo grupo 1 em Cidade Jardim, novamente de ponta a ponta.
No GP São Paulo, muita emoção na chegada e o mérito inegável de Luiz Duarte. Nos 300 finais, Rockwell dominou e parecia ter liquidado a fatura, quando Sal Grosso, que havia avançado sempre pelas balizas internas, foi arrancado pelo Duarte por fora do ponteiro para dominar e agüentar a carga violentíssima de Hong Kong e Moryba, que voavam baixo mais abertos. Cem metros antes da chegada, Sal Grosso estava perdendo, e provavelmente 30 metros depois teria entrado terceiro, mas no disco, quem levou foi ele, evidenciando o cálculo de percurso perfeito do Duarte. A vitória do bom potro do TNT, ganhador da primeira prova da tríplice coroa carioca e bem colocado nas outras duas, foi a sexta consecutiva de um animal de 3 anos no São Paulo, conseqüência natural do êxodo dos melhores cavalos para o Hemisfério Norte – que deve ser o destino de Sal Grosso no segundo semestre.A parte ruim da festa foi o movimento de apostas, de R$ 1.003.915, 6% abaixo do ano passado e 13% abaixo de 2008. Em valores nominais, foi o pior resultado dos últimos 8 anos. Se aplicarmos correção pelo IPCA nos números de anos anteriores, o movimento do São Paulo foi o pior da história, 76% abaixo do que se apostou em 1995, o melhor ano da história recente. Ou seja, se o turfe brasileiro não achar um novo caminho, tende a morrer aos poucos.

sábado, 15 de maio de 2010

Grandes Dias


É um fim de semana de grandes festas turfísticas. Por aqui, o GP São Paulo e seu festival de clássicos começando hoje, com os tradicionais GPs Osaf (éguas) e ABCPCC (velocidade). Nos Estados Unidos, a segunda prova da tríplice coroa.
O Preakness tem perdido progressivamente, como todo mundo vem comentando, seu brilho e qualidade técnica. Apenas duas semanas depois do Kentucky Derby (como sempre foi), ele acaba sendo cada vez mais apenas o passo intermediário do derby winner rumo à coroa, enfrentando um campo sempre mais vazio e menos qualificado do que o derrotado em Churchill Downs. Geralmente, o resultado do Preakness apenas alimenta a expectativa no Belmont Stakes, aí sim com fatos novos – distância maior, animais preparados apenas para a terceira prova, etc. Nos últimos 40 anos, 16 ganhadores do Derby repetiram na segunda prova, o que torna Super Saver óbvio favorito para hoje. Parece que apenas o azarado Lookin At Lucky e o tordilho Paddy O´Prado podem ser inimigos. Apenas três candidatos, panorama bem diferente do que escrevi semana retrasada.
Em São Paulo, o Osaf costuma ser bem equilibrado, e como eu já não acertava muito quando acompanhava de perto as corridas de Cidade Jardim, agora, que eu não tenho assistido muita coisa, fica difícil dar palpite. Entre as mais novas (são várias com chances), Top Note parece ser a melhor – vem de ganhar em 119´1. Entre as mais velhas, é bom respeitar Hope, que sempre chega.
No velocidade, Última Palavra busca o bi e Jaguarão tenta a desforra do ano passado, ambos largando lado a lado nas balizas internas. Bem por fora, larga o potro Gallian (foto), com sua espetacular ficha de 5 vitórias e um segundo nas seis apresentações da sua curta campanha. A dúvida é a grama, que ele encara pela primeira vez. Para mim, ele não vai estranhar e deve conquistar seu primeiro grupo 1.
Amanhã, comento o São Paulo.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Caminho Mais Curto


Mais uma vez Calvin Borel, a terceira em quatro anos. De novo, pelo caminho mais curto, aproveitando tudo junto à cerca para liquidar a fatura na entrada da reta. O Kentucky Derby é de Super Saver, que havia perdido o Arkansas Derby no detalhe, mas chegou pronto na hora que importava. Mesmo considerando o péssimo estado da raia, o tempo foi fraco 124´4, quase dois segundos pior do que Mine That Bird marcou em condições semelhantes, no ano passado, e o pior tempo dos últimos 40 anos em pista sloppy. No fim das contas, parece ser uma geração nivelada, que dificilmente proporcionará um tríplice coroado.
Na segunda posição, chegou voando baixo Ice Box, o que mais corria no final. Pagou o preço de ter ficado exagerademente longe, na penúltima posição em quase todo o percurso. Anotem o nome dele para o Belmont Stakes, com reta mais longa e 400 metros a mais. Em terceiro, o tordilho Paddy O´Prado, perdendo a dupla no último pulo. Na quarta colocação, Make Music For Me, que mesmo corrido em último, fez a curva final quase na arquibancada do Churchill Downs. Não se ouviu falar em Stately Victor na carreira, Line Of David e American Lion figuraram apenas nos primeiros metros, e Sidney´s Candy acompanhou em segundo o trem movido por Conveyance, mas já demonstrava não ter mais nada a fazer na seta dos 1000 finais. Lookin At Lucky de novo sofreu grandes prejuízos, desta vez na partida, mas uma análise mais isenta obrigatoriamente tem que destacar que Ice Box estava do seu lado e sofreu praticamente a mesma coisa. Como diz um amigo meu, enquanto alguns terminam com o dinheiro, outros ficam com as histórias...
Em duas semanas, teremos o Preakness, com um campo menos numeroso, mas igualmente um páreo em aberto.

sábado, 1 de maio de 2010

Mais Uma Briga Pelas Rosas


Chegamos ao primeiro sábado de maio, dia do centenário Kentucky Derby. Assim como no ano passado, quando não tivemos Quality Road, a principal estrela acabou ficando de fora – Eskenderya, o impressionante ganhador do Wood Memorial, sofreu lesão no boleto e teve sua ausência anunciada na semana passada. Desta vez, ao contrário do que falei em 2009 (errando, como todo mundo, já que ninguém poderia prever a vitória de Mine That Bird), vejo muitos candidatos à vitória.
Quem mais me impressionou nas preparatórias foi Sidney´s Candy, fácil ganhador do Santa Anita Derby. Acredito que o ganhador do Kentucky Derby costuma ser um potro que vem evoluindo e chega em Churchill Downs no último furo, e este parece ser o caso de Sidney´s Candy (foto), que vem numa seqüência de três vitórias, correndo cada vez mais. Fala-se que o favorito deve ser o Eclipse Award winner Lookin At Lucky, muito prejudicado no derby californiano, quando finalizou em terceiro. Contra ele, a estatística contundentemente negativa de apenas um campeão juvenil ter vencido o Kentucky Derby nos últimos 30 anos (Street Sense, em 2007). Parece também que Lookin At Lucky é um potro azarado, sempre tendo algo contra nos grandes dias, vide a sua derrota na BC Juvenille (e a de Santa Anita também, é claro). Além disso, quem viu a sua última corrida é obrigado a concordar que naquele dia ele não venceria Sidney´s Candy, com ou sem prejuízos.
Além dos californianos, o leque de opções para hoje é bastante amplo. Entre os front runners, deveremos ter American Lion, firme ganhador do Illinois Derby, agüentando sempre os ataques do favorito Yawanna Twist. Outro que ganhou preparatória brigando contra tudo e contra todos foi Line Of David, que resistiu no Arkansas Derby aos ataques de Super Saver e Dublin, também inscritos hoje, para vencer por meia cabeça, depois de ter imprimido parciais fortes em todo o percurso.
No grupo dos atropeladores, estão o ganhador do Florida Derby, Ice Box, e o campeão do Louisiana Derby, Mission Impazible. Outro que arrematou correndo muito foi o surpreendente vencedor do Blue Grass Stakes (a preparatória de Churchill Downs), Stately Victor. Hoje, ele não deve pagar os mesmos 40/1, e terá muita chance de aproveitar a provável briga na frente.
Falam ainda da potranca Devil May Care, cujo sucesso eu duvido. Para uma fêmea derrotar os machos, tem que ser uma força dominante entre as do seu sexo, o que não é o caso de DMC. Acho que ela teria chance no Oaks de ontem, espetacularmente vencido por Blind Luck, a californiana que perdeu a BC Juvenille e o título de campeã juvenil, mas que veio se redimir em Churchill Downs com uma violenta atropelada. Hoje, o páreo deve ser mesmo dos machos. Difícil é saber qual deles.