domingo, 10 de janeiro de 2010

A Copa Africana


A Copa Africana de Nações começa hoje, em Angola, e já virou notícia pelo atentado terrorista contra a delegação de Togo, cujo ônibus foi metralhado por rebeldes separatistas do país anfitrião. O continente africano continua sendo palco de disputas milenares entre etnias, mas será, a partir das 17:00, palco de disputas esportivas de bom nível. Serão 15 seleções (Togo desistiu), com a presença de quase todos os classificados para a Copa do Mundo, já que a qualificação para a Copa Africana foi considerada pelo resultado dos grupos das eliminatórias do mundial. Além dos 5 ganhadores de vaga na África do Sul-2010, os segundos e terceiros dos cinco grupos disputam o torneio continental. Assim, não consegui descobrir se a África do Sul está fora do torneio africano porque perdeu a vaga no campo, ou porque não participou das eliminatórias, já que é o país sede do mundial.
O grupo A começa com o jogo de abertura entre a dona da casa Angola e Mali. É uma partida fundamental para o desfecho do grupo, o mais equilibrado do torneio. Os angolanos não têm um grande retrospecto na CAN, nunca tendo chegado além das quartas de final, mas na competição africana, o fator local costuma pesar. Além disso, possuem um grupo experiente, que conseguiu dois empates na última Copa do Mundo, só perdendo para Portugal por 1x0. Seus destaques são Flávio, aquele que fez gol no Inter no Mundial de Clubes de 2006, e hoje joga na Arábia Saudita, e Mantorras, há muitos anos jogando no Benfica. Mali tem um time fortíssimo no papel, com suas estrelas jogando em times de primeira linha da Europa – Diarra (Real Madrid), Keitá (Barcelona), Kanouté (Sevilha) e Sissoko (Juventus) são alguns exemplos, mas nunca conseguiu resultados relevantes. É o grande ponto de interrogação da CAN. Completam o grupo a Argélia, que já foi campeã em 1990 e estará no mundial, e a zebra Malawi, que chega à competição africana apenas pela segunda vez em 27 edições, trazendo um retrospecto de 5 derrotas nas últimas 6 partidas. Com 3 candidatos para duas vagas, esta chave é a que promete mais emoção.
O grupo B, com a desistência de Togo, ficou restrito a três equipes, e Burkina Fasso deve dançar, pois tem o time mais inexperiente, e pegou dois classificados para o mundial. Gana, que já ganhou quatro CANs, vem comandada por Essien, do Chelsea, mantendo a mesma base que chegou às oitavas no último mundial. Costa do Marfim tem o time mais badalado, com Drogba, Kalou e cia. No mundial da Alemanha, foi a única seleção a ter todos os 23 convocados atuando fora do seu país. A partir de amanhã, poderemos conferir nosso adversário na Copa.
O grupo C também tem duas forças destacadas. A Nigéria, que levou duas CANs e tem a tradição de ter se classificado para 4 das últimas 5 Copas do Mundo, e vem comandada por mais um jogador do Chelsea, Obi Mikel. O Egito é o maior ganhador da competição africana, com seis títulos, sendo atual bicampeão. Vem tentar uma reabilitação após ter perdido a vaga para Copa do Mundo para a rival Argélia em jogo extra. Completam o grupo o Moçambique, que nunca passou da primeira fase na CAN e tem um grupo em que a maioria dos jogadores (13) atua em equipes africanas, e Benin, que chega pela terceira vez à fase final da competição, e cujos jogadores, em sua maioria, atuam em equipes de pequeno porte da França.
No grupo D, o favoritismo é de Camarões, do artilheiro Eto´o. Na briga pelo seu quinto título, os camerunenses enfrentarão Gabão, que tem como maior destaque Cousin, do Hull City, da Inglaterra, na estréia. No outro jogo da chave, a tradicional Tunísia, que esteve nas três últimas Copas do Mundo, busca sua reabilitação, depois de perder a vaga para o Mundial da África e trocar de técnico. Seu adversário é o país com a história mais triste, a Zâmbia, que viu sua geração de ouro morrer em desastre de avião, em 93, vitimando 18 jogadores e a comissão técnica. Naquele ano, mesmo tendo que remontar o time, a equipe comandada pelo astro Kalusha Bwalya, autor de 3 dos 4 gols na histórica goleada sobre a Itália (nas Olimpíadas de 88), que não estava no fatídico vôo, chegou ao último jogo das eliminatórias precisando apenas de um empate contra o Marrocos fora de casa, mas acabou derrotada por 1x0. Diz a lenda que houve um pênalti claro não marcado para o time de Bwalya no finalzinho do jogo, mas o fato é que eles acabaram mesmo fora do mundial. Agora, possuem uma equipe menos talentosa, onde o mais conhecido é Christopher Katongo, que joga no Arminia Bielefeld, da Alemanha.
Os dois primeiros de cada chave avançam para as quartas de final, onde já deveremos ter cruzamentos “quentes”, e uma boa prévia das possibilidades africanas no Mundial.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O Sheik e o Manchester City


Com o futebol em ritmo de volta das férias (ou dos feriados, na Europa), a notícia que mais chamou atenção foi “Magnata salda dívidas de R$ 855 milhões do City”, publicada hoje no Lancenet. Foi tomar a liberdade de “roubar o texto”, para não perder tempo reescrevendo:
“O Manchester City (ING) anunciou na noite de terça-feira que, graças a investimentos diretos de seu dono, o xeque Mansour, zerou sua dívida de 305 milhões de libras (R$ 845 milhões). Foi o primeiro balanço financeiro do clube revelado desde sua aquisição pelo magnata árabe, em agosto de 2008.
Os números revelam grande prejuízo do City na última temporada. Até maio do ano passado, o clube registrou perdas de cem milhões de libras (R$ 277 milhões) - justificadas, principalmente, pelos cerca de 200 milhões de libras (R$ 554 milhões) gastos em reforços.
Para salvar as contas do City, o xeque Mansour reinvestiu o valor da dívida no próprio clube. Segundo o diretor financeiro Graham Wallace, a injeção direta de capital do magnata já estava prevista no planejamento feito após a aquisição.
- A decisão dos proprietários de conversão da dívida em capital está de acordo com sua estratégia financeira previamente declarada. É uma notícia fantástica para os torcedores do Manchester City, que possui agora uma base financeira segura – explicou”.
O sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan (foto) é um dos filhos do sultão de Abu Dhabi, o mais rico dos Emirados Árabes. Quem já conhece o modus operandi dessa turma no turfe (onde os Maktoum, de Dubai são os maiores investidores) sabe que eles têm recursos ilimitados para reinvestir dezenas de vezes, e não enjoam da brincadeira, ou pelo menos nunca enjoaram até hoje. Ou seja, a torcida do Manchester City pode ter a esperança concreta que o dinheiro de Abu Dhabi vai, um dia, formar um time capaz de grandes conquistas, como Roman Abramovich conseguiu no Chelsea. Para onde irá o futebol com esses investimentos milionários? Só o tempo irá nos dizer...