A rodada de ida das quartas da Champions League abalou o anunciado – inclusive por mim - domínio absoluto dos times ingleses. Se as fases finais de 2008 serviram apenas para definir em qual cidade da Inglaterra a taça iria ficar, a decisão de 2009 parece estar tomando outros rumos, basicamente por dois motivos: Barcelona e Manchester United.
O campeão Manchester complicou a sua classificação ao empatar em casa por 2x2 com o Porto, na terça passada. Mais do que o resultado, o que acendeu a luz vermelha em Old Trafford foi a fraca atuação do time da casa – o que não chega a ser novidade, vide o que este blog escreveu em 12/03 (“... o atual campeão não está fazendo grandes partidas...”, etc.). Assisti apenas o segundo tempo da partida (o primeiro terminou 1x1), e os ingleses não conseguiram em nenhum momento dominar o jogo. Tiveram uma grande chance de bola parada - um escanteio cabeceado por Vidic e defendido espetacularmente pelo brasileiro Elton – e fizeram seu gol, mais uma vez, em lance de talento individual. Rooney recebeu cobrança de lateral e deu um toque de calcanhar para trás, encontrando Tevez livre para marcar. Eram 40` do segundo tempo, e parecia que o brilho dos craques ia resolver mais uma vez, mas o Porto, que jogara de igual para igual toda a partida, foi buscar o empate aos 44, com Gonzáles recebendo livre pelo lado esquerdo do ataque para colocar na saída de Van De Saar. O problema do time de Sir Ferguson me parece a indefinição de um padrão tático – basta comparar as formações utilizadas do meio para frente nas duas últimas partidas da Champions, ambas em casa (para fins de comparação, vou listar a segunda linha de quatro e o ataque):
11/03 x Internazionale – Cristiano Ronaldo, Scholes, Carrick e Giggs. Berbatov e Rooney. Praticamente um 4-2-4.
07/04 x Porto -Fletcher, Scholes, Carrick e Park; Cristiano Ronaldo e Rooney. Berbatov estava machucado, mas Giggs e Tevez ficaram no banco, resultando em um amontoado de volantes.
Se o atual campeão está jogando menos do que o esperado, o Barcelona surpreende cada vez mais com vitórias contundentes – 4x0 no Bayern na quarta, virtualmente garantindo vaga na semi, foi a última demonstração de força dos espanhóis. Ainda não vi o Barça jogar – por não inclui-lo na lista de candidatos ao título, estava optando por outras partidas de mesmo horário. Os elogios da imprensa, no entanto, são grandes, e o trio ofensivo Messi – Henry – Eto´o parece estar muito afinado. Hoje, é impossível deixar o Barcelona de fora da lista de reais pretendentes.
Na semifinal, os espanhóis pegarão um inglês, e a última quarta apontou o Chelsea como classificado mais provável. Em março, eu já havia dito que o time de Londres tinha voltado a ter cara de time. Na última quarta, em Liverpool, o time do holandês Gus Hiddink dominou o jogo com autoridade, não se abalou com o gol sofrido logo a 5 minutos, e impôs um duro 3x1 sobre a equipe vermelha. Poderia ter saído com uma vitória ainda mais elástica, pois Drogba, que marcou o terceiro gol, perdeu três chances na cara do goleiro. O que mudou radicalmente no Chelsea não foi o desenho tático, como andam dizendo. Mudou a postura da equipe, agora “mordendo” o tempo todo, ao contrário da atitude apática da época de Felipão. Alguns jogadores importantes voltaram a jogar bem, principalmente, no jogo de Liverpool, o alemão Ballack, que vinha muito mal. E Hiddink preferiu apostar na recuperação de Drogba escalando o africano sempre desde o início – com Felipão, ele ficou 13 vezes no banco.
O último duelo – Villareal x Arsenal – pendeu para o lado inglês, já que os londrinos empataram em 1x1 fora de casa. Também não vi o jogo, mas os comentários foram de um bom segundo tempo dos ingleses, superando seus desfalques (Van Persie, Eduardo da Silva, Diaby e Rosicky ficaram na Inglaterra, Almunia e Gallas saíram machucados ainda no primeiro tempo) e buscando o empate com um golaço de Adebayor (vídeo abaixo). Crescendo na hora decisiva, o Arsenal poderá ser a surpresa da Champions, principalmente se parar de perder jogadores importantes por lesão.
A partir de amanhã, se definem os quatro semifinalistas, mas as decisões mais tensas devem ocorrer na quarta, com Porto x Manchester e Arsenal x Villareal. Para quem gosta de apostas, deixo a dica do Barcelona, cuja vitória paga, no Sportingbet, 2,30.