quinta-feira, 13 de março de 2008

Festa Inglesa


Esperei o jogo atrasado entre Inter de Milão e Liverpool para comentar as oitavas da Champions League. O resultado foi uma festa inglesa – se o sorteio das quartas ajudar, poderemos ter uma inédita semifinal 100% britânica.
Dos confrontos que eu não vi, a maior surpresa foi o Fenerbahce, derrubando um favoritismo de 1,36 do Sevilha. Depois de vencer por 3x2 em casa, e eu dizer aqui que achava pouco, levou os mesmos 3x2 na volta e ganhou nos pênaltis. Nos outros confrontos que eu não assisti, o Schalke 04 também eliminou o Porto nos pênaltis, e Barcelona e Manchester confirmaram seus amplos favoritismos – o último, segundo comentários, jogando apenas “para o gasto”.
Vi apenas os jogos de volta em outros dois confrontos. O Chelsea, talvez a maior barbada das oitavas, depois de 0x0 na ida, considerado pelo seu treinador “a pior partida da temporada”, passou fácil pelo Olympiakos – 3x0 ao natural em casa. Gostei do que vi, uma equipe mantém apenas Makelele fixo como volante no meio, e usa Lampard e Ballack alternando as funções de armação e combate. Chega fácil na frente sem correr muito risco atrás. Quero ver contra um adversário mais forte.
O Roma surpreendeu o Real Madrid com duas vitórias por 2x1, e mereceu a classificação pelo jogo de volta, que dominou totalmente. Destaque para o montenegrino Vucinic, que entrou no segundo tempo e acabou com o jogo.
Nos confrontos em que assisti a ida e a volta, um baile tático dos ingleses nos italianos.
O Milan, depois de escapar da derrota em Londres, tomou um banho de bola em casa de um Arsenal que jogou com apenas um atacante fixo, Adebayor, fazendo o papel de pivô para a chegada de trás dos jogadores de meio. Os ingleses dominaram o meio de campo e a posse da bola, enquanto os italianos apelaram para a ligação direta e, mesmo tendo dois volantes exclusivamente de marcação (Gattuso e Ambrosini), não conseguiram “achar” Fábregas e cia. Aos 25 do segundo tempo, vendo que o seu domínio não era traduzido no gol da classificação, Arsene Wenger tirou um dos meio-campistas (Eboue) e colocou o atacante Walcott aberto na direita, nas costas do cansado – já é quarentão – Maldini. Por ali, saiu o segundo gol, já que o primeiro havia sido um chute espetacular do já citado Fábregas, da intermediária. Justiça à equipe que dominou os dois jogos.
No outro duelo anglo-italiano, a badalada Inter de Milão, cantada em prosa e verso como uma das favoritas ao título europeu, começou a perder a classificação quando anunciou a escalação para o jogo de ida com o Liverpool. Roberto Mancini talvez tenha escutado que “os ingleses sempre jogam com duas linhas de quatro”, e resolveu fazer as suas próprias “duas linhas”, a mais adiantada com quatro volantes! Já estava dominado e sem articulação no meio, obrigando Ibrahimovic a buscar jogo no círculo central, quando teve Materazzi expulso aos 29 do primeiro tempo. Aí, a Inter entrou para dentro do próprio gol, resistiu até os 39 do segundo, mas acabou voltando para casa com um 2x0 na cola.
Na jogo de terça, em Milão, as soluções de Mancini foram novamente pobres. O francês Vieira, incluído para melhorar o toque de bola do meio de campo, mostrou que é quase ex-atleta. Como o sérvio Stankovic mais uma vez não jogou nada, a Inter voltou a não ter articulação. Só nos lampejos do Ibrahimovic, conseguiu ter duas chances claríssimas, uma com o próprio, a outra com jogada dele para Julio Cruz chutar para fora ao invés de colocar Stankovic sem goleiro na frente do gol. Quando o Liverpool fez o gol, aos 18 do segundo (na foto, Fernando Torres comemorando), depois do Maycon entregar a bola ao sair jogando, já era espantoso que Mancini não tivesse mexido na equipe, o que ele só foi fazer aos 31, trocando o vaiadíssimo Vieira por um volante, o português Pelé.
Em resumo, os técnicos italianos Mancini e Ancelotti mostraram mais uma vez a veia retranqueira e a pobreza de idéias que os caracteriza, sendo “escovados” pelos “ingleses” Rafa Benitez e Arsene Wenger – espanhol e francês, respectivamente.
Amanhã, depois do sorteio das chaves, dou o meu parecer para as quartas – nas oitavas, as duas acumuladas que eu fiz acabaram empatando, a mais conservadora (Chelsea – Barcelona – Manchester) pagando o prejuízo da outra, que incluía a Inter de Milão.

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