sexta-feira, 26 de março de 2010

Dubai 2010


Muito já falei sobre o carnival de Dubai nos anos anteriores, então fica desnecessário explicar o que significa para o mundo do turfe. Este ano, duas novidades: um páreo a mais no programa, e as disputas no recém inaugurado hipódromo de Meydan, em pista sintética, ao invés da areia de Nad Al Sheba, o que muda bastante as principais provas. Além disso, shows de Santana e Elton John – os sheiks não tem limites quando o assunto é mostrar poder econômico.
O páreo “novidade” é o segundo, o Al Quoz Sprint, em 1200 grama, após a tradicional abertura com cavalos árabes. Todos sabem que gosto de favoritos, e aqui tem um que me agrada muito, o tordilho Califórnia Flag, fácil ganhador da Breeders Cup Turf Sprint, e depois quinto na Cathaway Pacific Hong Kong Sprint, a menos de dois corpos do ganhador. Tem a melhor ficha, e os americanos costumam dominar as provas de velocidade em Dubai. Só perde se estranhar muito alguma coisa (raia diferente, viagem, etc.).
Na Godolphin Mile, vou acreditar novamente em Desert Party, favoritão do UAE Derby do ano passado, que acabou perdendo para seu companheiro Regal Ransom. Depois disso, fracassou no Kentucky Derby e veio reaparecer apenas em 4/3, já em Meydan, ganhando páreo em 1200. Não é exatamente o planejamento de campanha que eu faria, voltar depois de dez meses em 1200, para ser inscrito 23 dias depois numa milha, em turma bem mais forte, mas acho que ele é bem superior à turma e ganha igual. Se perder, nunca mais leva o meu.
No UAE Derby, acho que a prova está entre 3 animais. Impossível não respeitar duas inscrições do sul-africano Mike De Kock, o favorito Musir, ganhador do UAE 2000 Guineas, e a potranca Raihana, ganhadora do Oaks, ambos originários do país da copa, mas já defendendo as cores de um membro da família Maktoum. A campanha na origem credencia mais o potro, ganhador de grupo 1 por lá, enquanto a potranca tinha campanha comum em seu país. O inimigo está em família, o invicto Mendip, da Godolphin, com vitória na estréia em Kempton Park e duas em Meydan. Irão participar também os brasileiros Oroveso e Uncle Tom, que tentarão colocações.
A Golden Shaheen costumava ser o paraíso dos americanos enquanto era corrida no dirt. No sintético, teremos um páreo duro, com três forças aparentes. Deve ser favorito o sempre esperado Gayego, quarto na BC Sprint em chegada incrível, mas que reapareceu em Meydan com um apenas razoável segundo lugar. De Santa Anita, vem Kinsale King, credenciado por duas vitórias recentes em provas de grupo, como grande rival. Impossível desprezar, também, Rocket Man, dono de oito vitórias (inclusive grupo 1) e um segundo em Singapura, sem escolher raia. Páreo duro.
A Dubai Duty Free, como sempre, é um dos páreos mais complicados do festival. Vou falar em cinco cavalos e tenho chance de não colocar nenhum nem no placê. Imbongi, cotado a 9/2, tem boa campanha na Inglaterra e parece adaptado à grama de Meydan. Good Ba Ba, criado pelo Santa Maria de Araras, ganhou em dezembro a HK Mile, e mesmo tendo corrido menos nas duas últimas e já sendo um cavalo de 8 anos, parece ser uma opção viável. Courageous Cat vem dos Estados Unidos com um segundo para ninguém menos que Goldikova na BC Mile. Alexandros, da Godolphin, já teve seus bons momentos em pistas inglesas. Presvis, favorito de 4/1, foi segundo para Gladiatorus na Duty Free passada, e também tem grande chance. Ou seja, prefiro não opinar.
Na Sheema Classic, o páreo de 2.400 metros, grama, outra pedreira. Reaparece o campeão do ano passado Eastern Anthem, depois de campanha produtiva na Alemanha, inclusive com segundo no Prix Von Baden. O seu escoltante em 2009 também está aqui – Spanish Moon, depois de perder por focinho a Sheema passada, ganhou duas de grupo na França, fez bom quarto na BC Turf e voltou a perder páreo incrível na HK Vase, novamente por focinho. O incansável Youmzain, pessimamente corrido no ano passado, volta com Kieren Fallon no dorso, uma melhora significativa em relação a Richard Hills, seu jóquei de várias “ensacadas”. É um cavalo que já entrou para a história do turfe, pelo simples fato de ter secundado Zarkava e Sea The Stars em dois Arcos memoráveis. Parece, entretanto, que ele não gosta de ganhar – sua última vitória foi junho de 2008. A Godolphin acredita aqui em Cavalryman, terceiro no Arco, muito próximo de Youmzain. Meu voto, no entanto, é para Presious Passion, que larga e prende o pé. Como todos os citados antes correm de trás, ele pode conseguir o que quase fez na BC Turf – largar e acabar (perdeu para Conduit por meio corpo).
Na World Cup (a foto acima é da taça), os americanos costumam dominar, mas a mudança para o sintético pode transformar tudo. Ainda me obrigo a indicar Gio Ponti, que após ter secundado Zenyatta na BC Classic, descansou e levou uma carreira para chegar em Dubai no último furo. Conseqüentemente, é preciso respeitar muito Twice Over, terceiro na mesma BC, e ganhador de grupo 1 na Inglaterra. Há muita fé em Gitano Hernando, com boas vitórias em hipódromos ingleses secundários e grupo 1 em Santa Anita. Vision D´Etat é outro de grande categoria – após fracassar no Arco, levou a HK Cup. Fala-se ainda na japonesa Red Desire, ganhadora do preparatório – se ela tem chance, não podemos esquecer do nosso guerreiro Glória de Campeão, alcançado por ela no último pulo...Enfim, acho que será um festival mais categorizado do que no ano passado – melhores cavalos, mais emoções.

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