sábado, 7 de março de 2009

Histórias do Turfe


A Revista Turf Brasil, em função da vitória de Engaging (foto) no GP Estado do Rio de Janeiro, primeira prova da tríplice coroa carioca, ocorrida na semana passada, publicou um breve relato sobre Arambaré, pai do ganhador, e Edemilson Antonio de Souza, titular do Haras Maluga, criador do ganhador. Como já ouvi a história da boca do próprio Edemilson, posso conta-la com mais detalhes.
Arambaré estreou no Cristal confirmando a fama de craque, vencendo com facilidade uma seletiva da antiga Copa ANPC de Potros, no tempo – 1998 - em que esta prova reunia as melhores promessas das novas gerações de potros. Levado ao São Paulo, fracassou na final da mesma, mas após duas vitórias comuns, foi à Gávea ganhar o GP ABCCC, prova de Grupo 1 que consagra o campeão da geração de dois anos carioca. De volta a Cidade Jardim, ganhou, em final eletrizante e por focinho, o GP Ipiranga, primeira prova da tríplice coroa paulista, estabelecendo-se como o líder incontestável da sua geração.
Após o Ipiranga, Edemilson recebeu uma proposta irrecusável: 400 mil dólares pelo cavalo, que iria seguir campanha nos Estados Unidos. “Pensei comigo mesmo: se estão me oferecendo 400 mil, é porque o cavalo vai ganhar em prêmios muito mais do que isso. Então, ao invés de vender, vou primeiro ser tríplice coroado aqui, e eu mesmo levo o Arambaré para os Estados Unidos e ganho ainda mais”, me contou o próprio Edemilson, há quatro anos. O problema é que Arambaré mancou na sua atuação seguinte, o Derby Paulista, perdendo a coroa e tendo que amargar oito meses de recuperação. No retorno, quatro atuações e apenas um bom segundo lugar no GP Presidente da República (Grupo 1) na Gávea, perdendo apenas para Redattore. Ao invés de embolsar os dólares, Edemilson ainda teve que gastar “para fazer um haras para o cavalo”, nas palavras do próprio.
O gasto se revelou, no fim das contas, um belo investimento. Arambaré, que já vinha ganhando fama de reprodutor útil, com 69% dos produtos nascidos chegando a correr, e 88% dos produtos corridos tornando-se ganhadores, passa a ter seu primeiro produto ganhador de Grupo 1 – Ecoute Moi, da mesma geração, já tinha vitória em Grupo 2. Cabe, é claro, a ressalva de que os números de Arambaré são favorecidos porque a maioria dos seus filhos inicia campanha no Cristal, onde é mais fácil ganhar. Mas para o mercado, o que vale é o marketing de um reprodutor ganhador de grupo 1, produtor de grupo 1, e que gera sempre animais ganhadores. A partir de agora, Edemilson irá colher nos leilões do Maluga os frutos da sua aposta.

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